Argumento

Nesta pesquisa pretende-se estudar como se deu a retomada do cineclubismo na cidade do Rio de Janeiro. Quem o pratica e com quais intenções, o que motiva esta pratica social e como e se ela se reflete em outras esferas de relações.

A escolha do recorte na cidade do Rio de Janeiro se justifica pela importância histórica que a cidade tem para o movimento. Foi nela que surgiu o primeiro cineclube do país, o Chaplin Club, fundado em junho de 1928. Os cineclubistas do Estado do Rio de Janeiro compuseram a primeira Federação a se reorganizar após o golpe de 1968. Hoje o Rio é o estado mais expressivo em número de cineclubes depois de São Paulo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Racismo é discutido no cineclube da ABD&C em parceria com a ONG Estimativa

Sábado, dia 29 de setembro de 2007, na sessão do cineclube ABD&C, que acontece regularmente todos os sábados na Casa de Cultura Rui Barbosa.

Esta foi uma exibição produzida em parceria com a ONG Cinemativa, que apresentou dois filmes com a temática de identidade afro-descendente e vida familiar. Dos filmes exibidos, Família Alcântara, um documentário que conta a história de uma família descendente de africanos escravizados em Minas Gerais, foi o que eu pude assistir por inteiro.

Entre uma sessão e outra os representantes da ONG fizeram uma interferência apresentando o filme seguinte e lembrando aos presentes que após a seção seria feito um debate.

Quando entrei no meio do filme anterior, não tive dificuldades em encontrar um lugar para me sentar mesmo em meio à escuridão. A sala da Casa de Rui Barbosa é grande e imponente e o público não parecia numeroso. Ao acenderem as luzes pude perceber que não chegava a vinte pessoas, algumas das quais não ficaram para assistir o filme seguinte.

Os documentários, muito bem produzidos e de temática interessante pareciam não ser suficientes para atrair grande público mesmo com entrada franca. Alguns fatores, como a escolha do dia de sábado à tarde numa cidade como o Rio de Janeiro, quando a praia passa a ser o maior atrativo da população, pode ser uma explicação. Outra poderia ser a fraca divulgação restrita a programação no site da Fundação.

Ainda durante o filme pude perceber, sentado algumas cadeiras à minha esquerda, um senhor negro a fazer anotações em um bloquinho, pensei logo que se tratava de algum acadêmico realizando uma pesquisa. Quando o filme acaba e as luzes se acendem, alguns dos poucos espectadores se retiram da sala, mesmo perante o posicionamento dos organizadores à frente da tela. Tem início o debate com a seguinte pergunta:

“Bom pessoal... o que vocês acharam dos filmes?”

O silêncio é aterrador. À frente da tela está um casal negro, a moça representa a ONG Cinemativa e o rapaz representa o Cineclube ABD&C. Diante do silencio a moça resolve apresentar a ONG: “Cinemativa é um projeto de cinema itinerante da ONG Estimativa que visa fazer parcerias com diversas instituições a fim de exibir filmes nacionais e documentários para que o povo brasileiro possa ver na tela o seu próprio rosto”. A ONG tende a trabalhar com questões de gênero e raça, possuindo também um projeto que comemora o Dia Internacional da Mulher Negra, daí a importância de se debater os temas trabalhados nos filmes como a questão da identidade negra nas famílias brasileiras.

Quando uma pessoa se anima a falar parece que outras também se encorajam. Apesar da temática étnica o público era bastante diversificado. Quando começou a se falar sobre as questões de discriminação racial, e dificuldade do próprio negro brasileiro em se assumir como negro, uma mulher, de mais ou menos 50 anos pediu a palavra e contou que sua origem árabe, despertou muito preconceito nos seus colegas na infância. Lembrou que a discriminação não é racial e sim cultural e que tudo que é diferente geralmente causa repulsa.

Outros relatos semelhantes foram proferidos em relação aos índios e pessoas de comunidades marginalizadas. Duas mulheres solicitaram a exibição do filme “Brasileirinho” que está há tempos sendo esperado entre a programação do cineclube. O cineclube da ABD&C (Associação de Documentaristas e Curta-metragistas) prioriza a exibição destes formatos, mas a seleção temática dos filmes é variada a cada semana.

Mesmo em dia de pouco público, afinal não fui a outras seções para ter um parâmetro de audiência, pude perceber a presença de pessoas cativas entre os demais atraídos pelo tema. Podemos dizer também que apenas um terço dos presentes no início da sessão do primeiro filme ficou para o debate final. Mas para os que ficaram, mesmo com as dificuldades de iniciar o bate papo, o conteúdo da discussão foi bem proveitoso em relação à proposta trabalhada nos filmes.

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