Argumento

Nesta pesquisa pretende-se estudar como se deu a retomada do cineclubismo na cidade do Rio de Janeiro. Quem o pratica e com quais intenções, o que motiva esta pratica social e como e se ela se reflete em outras esferas de relações.

A escolha do recorte na cidade do Rio de Janeiro se justifica pela importância histórica que a cidade tem para o movimento. Foi nela que surgiu o primeiro cineclube do país, o Chaplin Club, fundado em junho de 1928. Os cineclubistas do Estado do Rio de Janeiro compuseram a primeira Federação a se reorganizar após o golpe de 1968. Hoje o Rio é o estado mais expressivo em número de cineclubes depois de São Paulo.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Segunda feira, primeiro de outubro, dia da seção semanal do Cine ABI.

A Associação Brasileira de Imprensa fica na Rua Araújo Porto Alegre, 71, num majestoso e fúnebre prédio institucional da década de 1950. Segundo o arquiteto Lauro Cavalcanti o edifício foi o primeiro arranha-céu modernista do mundo. A sede, palco de campanhas históricas e alvo de atentados, está com nove dos 13 andares penhorados. Os gigantescos halls vazios e escuros revelam que ABI é hoje uma sombra do passado de lutas pela democracia e pela liberdade de imprensa.

Ao sair do elevador me deparei com um grupo de pessoas, todas com mais de 50 anos, conversando no hall do auditório. Fui assinar o livro de presença e pude observar que ali tinha um público de mais ou menos 35 pessoas, entre os que assinaram e os que esperavam para assinar.

Entramos todos, a programação se trata de O signo do Caos de Rogério Sganzerla, um filme experimental de quase duas horas, com um áudio que pouco se entendia e uma estética pouco compreendida até no meio intelectual cinematográfico.

Estavam presentes dois atores do filme: Helena Inez, que é também viúva do diretor e Eduardo Cabus. A sessão é aberta por um longo discurso do também cineasta e professor de cinema da UFF (Universidade Federal Fluminense) Sérgio Santeiro, seguido da fala da viúva e atriz do filme. Todo discurso não passa de uma ode ao cinema experimental e uma homenagem ao falecido diretor.

Tem início o filme, pouco mais de meia hora depois as pessoas começam a sair da sala. Era um projeto experimental demais para aquele público, composto, majoritariamente, por senhoras idosas pertencentes a uma elite conservadora.

Ao fim da projeção preciso ir ao banheiro, quando volto encontro com Jesus Chediak, diretor cultural da ABI, no hall dos elevadores, ele estava preocupado com a debandada do público e puxou conversa comigo dizendo – “Não vamos mais passar este tipo de filme aqui, vou falar com o Santeiro, o público daqui não está preparado." – Só ouvi e procurei ser simpática, entramos juntos para o debate.

Ainda restavam umas 15 pessoas, logo descobri que 10 eram do núcleo da casa. Eles fizeram um semicírculo entre as primeiras cadeiras perto do palco com as duas pessoas que estavam no palco, mais uma vez Helenas Inez e Santeiro. Começou uma discussão sobre a personalidade do diretor, sua ousadia, como era a experiência de trabalhar com ele, a conversa era tão íntima e especializada que as demais pessoas se sentiram deslocadas e logo se retiraram, eu inclusive.

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Conte sua experiência cineclubista

Para compreendermos o atual universo cineclubista carioca precisamos saber quem são os personagens que figuram esta história.

Caso você seja um cinéfilo frequentador de um cineclube, alguém que tomou a iniciativa de fundar um ou um realizador que tem no cineclube o espaço de distribiuição de sua obra, relate-nos sua história.

Ela será publicada neste blog e fará parte da pesquisa monográfica.